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Metodologia

Na Casa Dia, adotamos uma abordagem baseada na comunidade terapêutica e na reintegração social para promover a recuperação abrangente e duradoura da dependência química. Acreditamos que a recuperção é um processo que envolve não apenas a abstinência das substâncias, mas também a reconstrução de conexões sociais significativas e a redefinição de um propósito na vida.

1.ª ETAPA

DESINTOXICAÇÃO/ADAPTAÇÃO

A integração do acolhido à comunidade é o ponto central de sua adaptação na Casa Dia. Nossa abordagem visa promover a desintoxicação natural por meio de atividades esportivas e exercícios físicos, que são essenciais para modificar seu estilo de vida. Além disso, buscamos desenvolver valores fundamentais, como senso de responsabilidade, pontualidade, assiduidade, hábitos de trabalho, higiene e disciplina, preparando os acolhidos para uma vida mais saudável e equilibrada após o tratamento.

No início do processo, os acolhidos passam por uma fase de aprendizagem das regras do programa, marcada pela adaptação à comunidade. Durante esse período, as responsabilidades são simples e limitadas, com foco na avaliação contínua do desempenho nas tarefas, mudanças comportamentais e relacionais. Nosso principal objetivo é integrar plenamente os acolhidos à comunidade, incentivando sua participação em todas as atividades da rotina diária, embora sua contribuição possa ser inicialmente limitada.

Nesta fase, nossa atenção está voltada para promover a integração por meio de estratégias específicas que visam estimular a conexão entre os acolhidos. Essas estratégias são especialmente focadas em fornecer suporte durante momentos de isolamento relativo, intervenção em crises, orientação concentrada e aconselhamento baseado no apoio mútuo. Além disso, os novos acolhidos são constantemente acompanhados por colegas mais experientes, que os orientam sobre as normas da comunidade e os comportamentos esperados, garantindo assim uma transição suave e bem-sucedida para o ambiente terapêutico.

Com o objetivo de mitigar o aumento da ansiedade individual, todas as atividades terapêuticas são cuidadosamente dosadas. Nesse estágio, a equipe se concentra em realizar um levantamento psicossocial detalhado do acolhido, buscando compreender suas particularidades e necessidades específicas, a fim de elaborar um Plano de Atendimento Singular (PAS). Entrevistas são conduzidas com os acolhidos, familiares ou pessoas indicadas pelo acolhido, contribuindo para uma visão abrangente do contexto pessoal do indivíduo.

O PAS representa o plano personalizado do acolhido para alcançar seus objetivos durante sua permanência na Casa Dia e após sua saída da Comunidade Terapêutica. Esse plano detalha e monitora as ações de cuidado individual, integrando todas as informações relevantes sobre o acolhido. Valorizamos a singularidade de cada história de vida, mesmo quando as trajetórias são semelhantes, o que demanda a flexibilização das estratégias de cuidado para melhor atender às necessidades específicas de cada indivíduo.

É fundamental que o acolhido, seus familiares ou pessoas designadas participem ativamente na elaboração e execução do PAS, com o protagonismo do acolhido, e os princípios do respeito e diálogo como guias fundamentais. Este documento contém informações pessoais do acolhido, detalha a rede de suporte familiar com seus contatos, registra a evolução do vínculo familiar durante o acolhimento, oferece um panorama do histórico psicossocial, explora a motivação para o acolhimento, especifica as atividades planejadas durante o período de permanência na Casa Dia, assim como o prazo de acolhimento e quaisquer intercorrências relevantes. 

Gradualmente, procedemos com encaminhamentos para a rede do SUAS, SUS e outros, com o objetivo de facilitar a reinserção social, promover o progresso do acolhimento e planejar a transição para a saída. O PAS é constantemente atualizado e pode ser revisado a qualquer momento, seja por iniciativa da equipe ou a pedido do próprio acolhido, garantindo que o documento esteja sempre disponível para consulta, inclusive para autoridades competentes em caso de fiscalização.

2.ª ETAPA

INTEGRAÇÃO

Neste estágio, os acolhidos participam ativamente da vida comunitária, compartilhando experiências e refletindo sobre sua jornada rumo a uma vida livre das drogas. Eles se identificam como membros da comunidade, demonstrando um entendimento abrangente dos princípios e abordagens da Casa Dia. Existe um compromisso tanto com a comunidade quanto consigo mesmos e, através do aprendizado contínuo, com tentativas e erros, eles experimentam as consequências de seus compromissos, contribuindo para mudanças significativas no grupo como um todo. Embora a rotina permaneça constante, as responsabilidades aumentam em complexidade e as atividades terapêuticas se tornam mais intensas. A transformação individual é uma consequência do impacto coletivo da vida na comunidade, com o PAS servindo como guia constante, sujeito a reavaliação regular.

3.ª ETAPA

CONSCIENTIZAÇÃO

Esse é um período que o acolhido gradativamente vai retornando ao convívio familiar e social ao mesmo tempo que se engaja no acolhimento dos recém-chegados para colocar em prática os ensinamentos adquiridos. Incentivamos o acolhido a assumir compromissos e a auxiliar outros no seu processo de recuperação. Ele passa a desempenhar um papel de maior responsabilidade, assumindo tarefas mais complexas, como cuidar das chaves e acompanhar os colegas em consultas médicas externas. Progressivamente, também são organizadas saídas para atividades de lazer, cultura, estudo, oportunidades profissionais e práticas religiosas, de acordo com o que está estipulado em seu Plano de Atenção Singular (PAS).

Os acolhidos que avançam pelos estágios do programa estão se preparando para uma reintegração positiva à vida cotidiana e para dar continuidade ao seu processo de recuperação. Concluir o programa marca o término da fase na CT, mas representa apenas um estágio na jornada de recuperação contínua. Durante essa transição, a família e o acolhido fornecem relatórios detalhados sobre as dificuldades enfrentadas durante as saídas, o que auxilia a equipe na revisão e atualização do Plano de Atendimento Singular (PAS). Esta etapa é mais prática, com diversas atividades focadas no retorno à vida familiar e na abordagem das necessidades mais urgentes do acolhido. É um processo que demanda tempo e dedicação.

4.ª ETAPA

REINSERÇÃO SOCIAL

Saída para o convívio de seus familiares e meio social, retornado à comunidade e trabalhando o acolhimento aos recém chegados propiciando à prática do aprendizado adquirido. O acolhido é estimulado a assumir compromissos e ajudar a outros no seu processo. O acolhido assume um nível mais alto de responsabilidade e desempenha tarefas de alto nível (ficar com a chave, acompanhar acolhidos a consultas médicas externas, etc).

Os acolhidos que avançam pelos estágios do programa estão se preparando para o engajamento positivo com a vida e a continuidade de sua recuperação. Concluir representa o final do processo dentro da CT, mas é apenas um estágio do processo de recuperação. A família e o acolhido realizam relatórios constando suas dificuldades com as saídas auxiliando a equipe na reavaliação do Plano de Atendimento Singular (PAS). Trata se de uma etapa mais prática, com várias atividades direcionadas ao seu retorno familiar, onde direciona o acolhido às suas carências mais emergentes. É uma etapa demorada.

Ocorre saídas para lazer, cultura, estudo, profissionalismo, culto religioso de sua preferência, etc, conforme previstas em seu PAS.

5.ª ETAPA

PÓS ACOLHIMENTO

Este estágio se inicia quando o acolhido conclui seu processo na CT e tem uma duração de um ano. Tanto o acolhido quanto sua família se comprometem a participar de reuniões de apoio e a frequentar a comunidade nos dias agendados, independentemente de estarem juntos ou não. O principal objetivo desta etapa é oferecer suporte para a reintegração sociofamiliar e econômica do ex-acolhido, destacando-se das demais etapas pelo fato de que ele já está vivendo de forma autônoma, embora mantenha sua interdependência com a instituição.

As transformações no estilo de vida se iniciam na instituição e tendem a ser mantidas após a saída, quando os indivíduos devem buscar uma posição na sociedade investindo em si mesmos, estabelecendo metas ideológicas e psicológicas que promovam a valorização da própria vida.

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